Carla Bolito regressa ao Teatro Viriato, esta quinta-feira (dia 30 de novembro), às 21h00, com o espetáculo “A minha cabeça”.
De cariz autobiográfico, é um espetáculo que aborda a relação do espólio colonialista de uma família na sua sobrevivência no pós 25 de Abril. Um dos elementos principais desse espólio é um busto de marfim — uma presa de elefante esculpida em forma de cabeça.
De acordo com a artista “Portugal é considerado um dos países com mais depósitos de cornos de rinoceronte e de elefante” devido "a relação ancestral de Portugal com os países que foram as suas colónias”.
“Até ao 25 de Abril e nos anos seguintes, todos os que voltaram para Portugal trouxeram muitas destas peças. Nos anos noventa com a aprovação de um decreto-lei, passou a ser obrigatória a inscrição dessas peças no ICNF – Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas. As presas de elefantes, lisas e trabalhadas, obrigam à marcação de uma peritagem realizada em sede própria", explica Carla Bolito.
A partir da descrição do processo de certificação do ICNF — que a legislação obriga na criação de um registo das peças de marfim com mais de quarenta anos — a artista estabeleceu uma teia de relações geográficas e familiares. Seguindo o rasto do animal morto que providenciou os recursos económicos da sua família no pós 25 de Abril, descobriu versões contraditórias do passado e por vezes incompreensíveis.
Foto: