O Teatro Viriato acolhe, esta quinta e sexta-feira (07 e 08 de dezembro), a estreia de “Sophia”, com música de Ana Bento e Bruno Pinto da Gira Sol Azul e direção cénica de Joana Craveiro. Um espetáculo destinado a escolas e famílias, que surge do trabalho pedagógico que os artistas da Gira Sol Azul têm desenvolvido em diversas atividades em Serviços Educativos.
“Este espetáculo está associado a uma oficina que desenvolvemos para o Serviço Educativo da Casa da Música. Portanto, surge de um processo semelhante a outros trabalhos que desenvolvemos, como é o caso do espetáculo 'Tangerina' ou dos 'Pequenos Piratas'. Durante algum tempo, privilegiámos espetáculos em que a palavra quase não existia, mas depois do 'Tangerina' em que mergulhámos no universo de Almada Negreiros, na sua escrita e que nos deixou bastante satisfeitos, fomos desafiados a continuar esse percurso, de criar mais oficinas sobre autores portugueses. A primeira pessoa em que pensei foi na Sophia de Mello Breyner Andresen”, explica Ana Bento.
Uma escolha baseada na ligação da escritora à cidade do Porto, para onde inicialmente foi desenvolvida a oficina pedagógica que agora se transforma num espetáculo, mas também por todo o trabalho e ideias da autora. “Ela sempre foi muito inspiradora. Não só enquanto poetisa, mas também pelo seu lado político, de resiliência. Ela ensina-nos a parar para apreciar e desfrutar das coisas belas da vida. Mas por outro lado não tem medo de chamar as coisas pelos nomes e de contribuir para uma sociedade mais justa e sã. Isto fascina-me", refere.
Ao longo do espetáculo, a obra e universo de Sophia de Mello Breyner, será revisitada em oito temas originais, onde a liberdade da poesia e do mar se cruzam para fazer emergir a utopia das cidades, da folha em branco sinónimo de construção de um mundo novo. Sílaba a sílaba, imagem a imagem, nota a nota, um novo poema emerge. Fica gravado na carne, na voz e no espaço, como os poemas fazem. Palavras cantadas que ficam.
Para além da criação musical da autoria de Ana Bento e de Bruno Pinto, o espetáculo conta com direção cénica de Joana Craveiro. “Com a Joana Craveiro habitualmente desenvolve trabalho a nível de teatro documental, muito ligado a questões como a liberdade, ela trouxe uma dimensão mais profunda e consistente a este trabalho. Trouxe diversos elementos pessoais da vida da Sophia que consideramos de uma beleza incrível e que faz todo o sentido partilhar com o público”, afirma Ana Bento, salientando que também a nível artístico foi um desafio que fez a equipa “sair da zona de conforto” e experimentar propostas que sozinhos não se lembrariam.