Opinião: 'O meu pai é TOP', por Vítor Santos

Sou um jovem de 15 anos. Adoro o desporto. De todas as minhas atividades é a que mais gosto. Não vou identificar-me. Creio não ser importante para o que quero dizer, que são coisas em que vou pensando, vivências que vou tendo.
Escrevo por ser mais fácil. Faço-o com orgulho. O meu pai continua a ser para mim a pessoa mais importante. Que admiro. Por isso, esta carta não pretende ser uma compilação de queixas, azedumes, ou outras manifestações e sentimentos pouco próprios de um filho desportista.
Sabem, os jovens têm um sentido de justiça muito agudo. Fazem a sua leitura das coisas, refletem sobre elas. Têm, pois, opiniões. Não sei o valor das minhas, mas mesmo assim quero expô-las. As questões de que vos vou falar não dirão muito a alguns dos meus amigos atletas.
Provavelmente não partilhariam as minhas opiniões. Mas sei que outros jovens pensam como eu. Estou certo de que as vão apreciar.
Não é do treino – o que treinar, como treinar? – que quero falar-vos. Quem sou eu para o fazer? Como pretender ensinar algo que não domino? Não tenho competências para tal. Quero falar-vos de mim, de alguns de nós e da nossa rotina. Da dificuldade que experimento como pessoa que estuda, pratica desporto e muitas outras atividades. Que vive os problemas do seu tempo. Que tem os seus próprios problemas, dificuldades, sensibilidades, na aprendizagem do mundo. De um mundo que os nossos pais, os adultos, pensaram para nós. À sua medida, à sua imagem. Dos seus anseios, das responsabilidades que pretendem que assumamos no futuro. Não cuidando de saber de outras coisas importantes. De nós, do nosso tempo, do tempo de sermos jovens. De como pretendemos vivê-lo.
Felizmente o meu pai não é assim. Não se comporta como os outros que gritam, insultam, humilham! Diz-me sempre para eu ser feliz com a idade que tenho. E que viva. Que não tenha pressa de ser adulto.
Desde os sete anos que jogo futebol e continua a ter a mesma postura, a mesma serenidade e o discurso que sempre teve. Não me exige nada que eu não possa dar. Lembro bem o primeiro dia, já lá vão quase oito anos. Quando pela primeira vez entrei nos balneários e vesti a camisola do nosso clube. Tremendo com a emoção. Parecia mesmo a sério!
Finalmente concretizava o que tanto desejava. Fazer o desporto que gosto e logo no clube da minha terra. Que alegria, que felicidade. Obrigado, pai!
No final de cada treino espera-me no carro com um sorriso. E se eu estou triste ou angustiado com o mesmo, lança uma das suas piadas e deixa que seja eu a iniciar, caso o queira, a conversa. Nunca alimenta a raiva que por vezes trago do treinador, por não me convocar, ou de algum colega por não me ter passado a bola. Pelo contrário. Diz-me que cada momento é uma aprendizagem e que o facto de eu não ser convocado é uma ótima oportunidade para fazermos um programa em família que não é possível por haver, normalmente, jogos ao fim de semana.
Depois dos jogos, a que assiste – eu bem o vejo, do canto do olho, a bater palmas e a dar um ou outro sinal de apoio para a nossa equipa –, pergunta-me sempre se quero ir já para casa ou lanchar com ele, programa de pai e filho. Nem uma palavra sobre o resultado e sempre várias de demonstração de apoio: “gostei do vosso jogo, da vossa entrega e alegria”.
Quando eles, pai e mãe, me levam ao treino ou ao jogo, deixam-me “entregue” ao clube, aos treinadores. Confiam neles e sabem que eu também gosto muito dos meus treinadores. Naquelas horas sou mais um dos atletas da equipa e sabem que o treinador me guia para uma experiência saudável na prática desportiva. Nem sempre ficam para assistir. Aproveitam o tempo para fazer outras tarefas.
Claro, gosto de ganhar. Como poderia não ser? Mas gosto de aprender. A fazer as coisas bem, para ser melhor. É importante jogar. Estar lá dentro como os outros. Com os amigos e companheiros. Isso sim, não troco pelas vitórias.
Sim, mais do que ser campeão, quero fazer desporto. Integrar uma equipa. Sentir-me parte dela, em todos os momentos. Gosto de competir, gosto de ganhar, mas não entendo o desporto que se limita só a isto. A esta ideia, estes princípios, estes valores. Ou melhor, à ausência deles.
Pai, ensinaste-me em casa certos valores, atitudes, respeito pelas pessoas e pelo desporto. Mas aqui nos jogos não os revejo em outros pais. Nem em certas práticas e certos grupos pensados para vencer, que parecem entram em contradição com tudo o que aprendi contigo. Disseste-me que todos devem ter oportunidades e ninguém deve ser excluído por falta de capacidades, quantas vezes mal avaliadas; que o esforço e o empenhamento são tão importantes, talvez mais, que a vitória; que mesmo na derrota podemos sentir-nos bem, ter sucesso, desde que façamos o melhor e sintamos que demos tudo o que nos era possível.
Pai, eu sou feliz e vou continuar a jogar, mas já vejo colegas meus a desistirem porque não se sentem bem. Estão cansados e fartos de conflitos. As expetativas elevadas que tinham, e que os pais deles alimentavam, já se esfumaram. Nem acredito que deixam de fazer algo que tanto os apaixonava!
Obrigado por seres o melhor o pai do mundo.
Feliz Dia do Pai

Publicado por: Irene Ferreira
2024-03-19 10:55:42

 

 


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Lamego lançou um projeto-piloto de recolha de biorresíduos

O Município de Lamego lançou um projeto-piloto de recolha de biorresíduos no concelho.
Numa primeira fase, de acordo com a autarquia, estão a ser disponibilizados contentores de sete litros nas habitações abrangidas pela campanha. No espaço público, vão ser colocados contentores de 800 litros para deposição de resíduos orgânicos, enquanto que, para o canal horeca, está prevista a entrega de contentores de 120 e 240 litros.
"Em simultâneo, a autarquia está a promover visitas de sensibilização e adesão, porta a porta, aos moradores das zonas abrangidas, para a apresentação do projeto, com a entrega de folhetos explicativos", explica.
Sob o mote “+VALOR, Todos juntos vamos gerar mais valor para o ambiente”, o projeto-piloto abrange as urbanizações da Nossa Senhora da Saúde, Monsanto, Franzia, S. Vicente e o canal horeca da cidade (setor da restauração, cantinas municipais, cafetarias e similares).
"Tem como principais objetivos reforçar a reciclagem e a valorização de biorresíduos, reduzir as quantidades de resíduos depositadas em aterro e promover a economia circular, contribuindo para o cumprimento das metas nacionais de reciclagem e da neutralidade carbónica e climática^", acrescenta a Câmara Municipal.

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Viseu relembra a Revolução pela lente do fotógrafo Sérgio Valente.Exposição é inaugurada terça-feira

Ainda no âmbito do programa de comemorações dos 50 Anos do 25 de Abril, em Viseu, o Museu Almeida Moreira acolhe uma exposição de fotografia, da autoria de Sérgio Valente, que retrata aspetos do processo de desenvolvimento e refluxo revolucionário. A mostra é inaugurada esta terça-feira (30 de abril), pelas 15h00.
De acordo com a autarquia viseense, a exposição é constituída por diversas fotografias, a cores e a preto e branco, que documentam acontecimentos e os protagonistas, os quais a objetiva de Sérgio Valente foi captando, entre os anos de 1964 e 1982, nos vários concelhos do distrito do Porto, com maior incidência na cidade Invicta.
Sérgio Valente nasceu no Porto, em plena ditadura, no seio de uma família carenciada e politicamente desperta. Cedo iniciou uma participação social e política que se tornou cada vez mais ativa, marcada por três factos relevantes: a campanha eleitoral do General Humberto Delgado; a tentativa, bem-sucedida, de não ser mobilizado para a Guerra Colonial; e as três prisões a que é sujeito pela PIDE, em 1969, 1971 e 1973.
Na luta contra o regime, qualquer acontecimento lhe serviria de pretexto para baralhar a ordem estabelecida. A coragem e a convicção da razão que o movia, mais fortes do que o medo, marcaram a sua intervenção e percurso de vida. Fotógrafo de profissão, descobriu na sua máquina uma arma com enorme potencial de denúncia e de memória.
A exposição pode ser visitada até dia 01 de junho.

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Bispo de Viseu apelou aos alunos finalistas que contribuam para 'a construção de um mundo melhor'

Várias centenas de estudantes do Instituto Politécnico de Viseu, da Universidade Católica e do Instituto Piaget participaram na Missa dos Finalistas e Bênção das Pastas, que decorreu no domingo, dia 28 de abril, no Pavilhão Multiusos, integrada na Semana Académica.
A celebração, organizada pela Pastoral do Ensino Superior em conjunto com a Federação Académica de Viseu, foi presidida pelo Bispo da Diocese de Viseu e contou com a participação do Grupo Coral Vespertinos.
Na homilia, o Bispo de Viseu começou por estacar a condição de ser finalista como “um privilégio e uma responsabilidade, um dom e um compromisso na construção de um futuro melhor marcado pela esperança na realização pessoal no mundo do trabalho”, pedindo ao Espírito Santo que os ilumine e os ajude a serem discípulos missionários nas diversas áreas da vida.
Face aos graves problemas que hoje a sociedade enfrenta, apelou aos presentes que contribuam para “a construção de um mundo melhor, mais fraterno e com preocupação ecológica,  cuidando do equilíbrio da Casa Comum, valores ainda longe de serem alcançados”, pedindo aos finalistas para serem “ramos novos, revestidos de valores humanos, éticos, espirituais e cívicos, que os levem a ser protagonistas na construção da paz, na renovação da Igreja e na transformação da sociedade portuguesa”.
“Queridos jovens, não desanimem diante dos problemas graves do mundo de hoje, das crises financeiras e das dificuldades económicas da vida presente. Sejam construtores da verdadeira civilização do amor, da paz, do progresso, da ciência, da cultura e do desenvolvimento humano integral. Façam a diferença e sejam os melhores na competência, na qualidade, no amor e nas relações fraternas. Sejam semeadores da esperança, testemunhas de um mundo novo, otimistas numa nova era marcada pelo acolhimento, pela escuta e pela integração social”, pediu.

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O sol desta segunda-feira dá lugar à chuva nos próximos dias, na região de Viseu (com áudio)

Depois de uma segunda-feira com algum sol, a chuva continua a partir desta terça-feira (30 de abril) e com descida da temperatura. O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) prevê tempo instável para os próximos dias, como dá conta a meteorologista Paula Leitão.
Para além da chuva, está ainda prevista queda de neve para a Serra da Estrela, acima dos 1200 metros de altitude. 

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Natação: Marco Menezes (Castro Daire) foi 'prata' no Campeonato da Europa

No âmbito do Campeonato da Europa Open de Natação Madeira 2024, que decorreu no Funchal, o nadador de Castro Daire, Marco Meneses, conquistou a medalha de prata nos 100 metros costas S11, em paralímpicos.
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A peça vai ser apresentada publicamente no próximo “O Museu na Rua”, no sábado (dia 4 de maio), regressando à estrada, podendo depois ser apreciada no Museu do Caramulo, onde ficará permanentemente em exposição.